sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

ANTÓNIO LIVRAMENTO




É mundialmente considerado um dos melhores jogadores de hóquei em patins de todos os tempos. António Livramento tentou uma carreira no futebol, mas foi o hóquei que o tornou famoso. A vitória foi companheira constante da sua carreira desportiva. Como jogador, venceu três campeonatos do mundo e sete europeus. Como seleccionador nacional, conquistou três europeus e um mundial. António Livramento foi decisivo na transformação de Portugal em potência mundial do hóquei em patins. A sua morte prematura foi uma perda irreparável para o desporto nacional.


Estamos em pleno mundial de hóquei em patins de 1962. Um jogador português sai com a bola junto à sua baliza, finta todos os adversários, com a bola perfeitamente controlada na ponta do "stick", e marca golo. Eis uma jogada típica de António Livramento, atleta que resolvia os jogos com um toque de génio. António José Parreira do Livramento nasceu em 28 de Fevereiro de 1944. Em miúdo, sonhava ser futebolista. Não era mais do que um jogador mediano. O sonho acabou depressa. Seguindo um palpite, Torcato Ferreira, técnico do Benfica, desafiou o jovem a experimentar o hóquei. No início recusou, mas acabou por ceder. Para sua surpresa, descobriu que era realmente bom. Com 16 anos entrou no Benfica e foi convocado para a selecção nacional. Estreou-se no Campeonato da Europa de Juniores da Bélgica. Ganhou o campeonato e foi eleito o melhor jogador, tendo sido o melhor marcador do torneio. A partir de 1961, passou a representar a selecção principal. O balanço da sua passagem pela equipa A é extraordinário: sete campeonatos europeus e três mundiais. António Livramento era a grande estrela do hóquei em patins. A nível de clubes, as coisas corriam-lhe igualmente de feição. Enquanto esteve no Benfica, ganhou por sete vezes o campeonato nacional. No estrangeiro, as suas exibições não passaram despercebidas. Foi contratado pelo Candi Monza, clube italiano, mas ficou apenas um ano. Acabou por regressar ao Benfica. Pormenor essencial: António Livramento não era jogador a tempo inteiro. Para ganhar a vida, trabalhava no Banco Pinto & Sotto Mayor, numa época em que o desporto amador era mesmo amador. Em 1977, assinou contrato com o Sporting. Para além do campeonato nacional, venceu a Taça dos Campeões Europeus. Esta era uma equipa fabulosa. Para além de Livramento, contava com jogadores como Ramalhete, Rendeiro, Sobrinho e Xana. Estes eram as cinco pedras basilares da selecção nacional. Na década de 80 deu-se início a uma nova etapa na vida de Livramento: a de treinador. Começou no Sporting, onde conquistou a Taça das Taças. Para além do clube de Alvalade, dirigiu uma equipa italiana e o hóquei do Futebol Clube do Porto. Era um treinador rigoroso e disciplinado. A sua estratégia, aliada à técnica dos jogadores portugueses, tornava as suas equipas imbatíveis. Conquistou dois mundiais e três campeonatos da Europa. Mas a sua senda vitoriosa foi interrompida por uma trombose fatal. A morte prematura, em 5 de Junho de 1999, não impediu que ficasse na história como o campeão que dominou durante anos os ringues mundiais. Cristiano Pereira, ex-treinador do Futebol Clube Porto, define-o na perfeição: "Era um artista."


As qualidades técnicas e o perfil de liderança fizeram de António Livramento uma das maiores figuras do hóquei patinado, não só português mas europeu e mundial. Como praticante foi o melhor do Mundo. Como treinador deixou de andar de braço dado com o sucesso.
No FC Porto despediu-se com uma "dobradinha" histórica (há oito anos que não se vivia tal nas Antas) e um semidesaire na Liga dos Campeões (os portistas perderam nas grandes penalidades o título para o Igualada), mas foi, sobretudo, ao serviço do Benfica e do Sporting que mais se destacou.
Na Luz, apenas como jogador, averbou sete títulos entre 1961 e 1975, enquanto em Alvalade viveu uma época dourada em 1977, com triunfos no campeonato, Taça e Taça dos Campeões, repetindo na temporada seguinte o título nacional. Mas seria na selecção das quinas que melhores momentos viveu, somando sete títulos europeus e três mundiais. E isto sem considerarmos as competições menores, como Taças Latinas ou Torneios de Montreux.
Se como hoquista o seu palmarés já impressiona, as década de oitenta e noventa foram também particularmente produtivas já como técnico. O título mundial de 1982 foi o ponto de partida para mais uma mão-cheia de troféus (em 1993 repetiu a vitória na mais importante prova da modalidade e registou mais três triunfos em Europeus), incluindo também uma Taça CERS e dois campeonatos nacionais na liderança do Sporting, antes da sua derradeira época, quase sem mácula, no FC Porto. Uma despedida ao nível da personagem ímpar que foi no desporto nacional, ou seja, a vencer.

PALMARÉS :
SELECÇÃO - Como jogador:
1 Campeonato da Europa de juniores (1960)
3 Campeonatos do Mundo (1962, 1968 e 1974)
7 Campeonatos da Europa (1961, 1963, 1965, 1967, 1973, 1975 e 1977)
Como treinador:
2 Campeonatos do Mundo (1982 e 1993)
3 Campeonatos da Europa (1987, 1992 e 1994)
BENFICA - Como jogador:
7 Campeonatos Nacionais (1961, 1962, 1967, 1968, 1969, 1971 e 1975)
SPORTING - Como jogador:
2 Campeonatos Nacionais (1977 e 1978)
1 Taça de Portugal (1977)
1 Taça dos Campeões Europeus (1977)
Como treinador:
2 Campeonatos Nacionais (1983 e 1989)
1 Taça CERS (1984)
FC PORTO - Como treinador
1 Campeonato Nacional (1999)
1 Taça de Portugal (1999)

Sem comentários: