Realiza-se amanhã, dia 26 de Setembro, o segundo confronto da época envolvendo os "três grandes" do futebol português, mais concretamente, o clássico Sporting - F.C. Porto, no Estádio José Alvalade (Alvalade XXI). Decorridas que estão 5 jornadas do Campeonato Nacional, Sporting e F.C. Porto encontram-se à 6ª jornada separados por escassos 2 pontos a favor dos portistas, e em caso de vitória leonina, como desejamos e esperamos que venha a acontecer, o Sporting passará para a frente do F.C. Porto. Obviamente que este Sporting-F.C. Porto não é um jogo decisivo na luta pelo título, pois ainda há muitas jornadas e muitos pontos em disputa, mas é inegável que uma vitória do Sporting irá moralizar e motivar esta jovem equipa para realizar um bom resto de campeonato.
Até hoje, Sporting e F.C. Porto defrontaram-se por 80 vezes em jogos a contar para o Campeonato Nacional, com o Sporting na condição de clube visitado. Desses 80 confrontos realizados em casa dos "leões", há a registar uma clara supremacia leonina de 43 vitórias (mais de 50 por cento), 18 empates e 19 derrotas. A título de curiosidade, registe-se que o F.C. Porto não vence em Alvalade há já 5 temporadas, pois a última derrota leonina caseira aconteceu na época 2008/09, tendo então o F.C. Porto derrotado o Sporting por 2-1.
Na véspera de mais um grande clássico do futebol português e dando sequência a artigos anteriores publicados, de antevisão destes jogos entre os históricos "três grandes" do futebol português, uma vez mais, o Armazém Leonino recorda hoje um Sporting - F.C. Porto referente há já longínqua temporada de 1981/82, o qual deixou gratas e saudosas recordações não apenas em mim, mas entre todos os sócios e adeptos leoninos, pois o Sporting viria a sagrar-se campeão nacional no final dessa época.
Este Sporting - F.C. Porto, a contar para a 15ª jornada, última da 1ª volta do campeonato, disputou-se no dia 17 de Janeiro de 1982, perante uma enorme moldura humana que quase esgotou o Estádio José Alvalade. Com arbitragem de Raul Nazaré (Setúbal), assistiu-se a um excelente espetáculo de futebol, com muita emoção e luta, do primeiro ao último minuto, e sempre com incerteza no resultado até final da partida. O golo do Sporting foi marcado por Mário Jorge, aos 34 minutos da 1ª parte. Esta época de 1981/82 constituiu, aliás, para Mário Jorge, a temporada do seu arranque definitivo e respetiva afirmação na equipa leonina principal, tendo efetuado um total de 30 partidas, 20 das quais a contar para o campeonato nacional.
Mário Jorge, o marcador do golo solitário
que deu o precioso triunfo aos "leões".
que deu o precioso triunfo aos "leões".
Ao longo do encontro, houve um domínio repartido entre as duas equipas no comando do jogo, tendo o Sporting se superiorizado ao F.C. Porto, sobretudo, durante a 1ª parte, assistindo-se após o intervalo a uma reação esperada e natural do F.C. Porto, que arriscou mais no ataque em busca, pelo menos, do golo da igualdade. As jogadas de perigo e as oportunidades de golo sucederam-se em ambas as balizas, mas os avançados foram perdulários, tendo mostrado uma pontaria desafinada e revelado uma grande ineficácia e desinspiração na hora do remate.
Apesar de jogar em casa, o Sporting rodeou-se de algumas cautelas, entrando em campo com uma equipa lutadora e determinada, disposta a correr e a lutar muito do primeiro ao último minuto, jogando de forma realista e pragmática, preferindo um futebol mais prático e objetivo, em detrimento de um futebol bonito e de grande qualidade técnica.
Apesar de jogar em casa, o Sporting rodeou-se de algumas cautelas, entrando em campo com uma equipa lutadora e determinada, disposta a correr e a lutar muito do primeiro ao último minuto, jogando de forma realista e pragmática, preferindo um futebol mais prático e objetivo, em detrimento de um futebol bonito e de grande qualidade técnica.
Durante a 1ª parte, o Sporting foi a equipa que teve o maior domínio e iniciativa do jogo, tendo sido também a equipa que mais procurou o golo, pois uma vez conseguindo adiantar-se no marcador, seria depois mais fácil, através de uma defesa compacta e de um meio campo lutador, controlar melhor o adversário, esperando pela sua reação e atacando apenas pela certa e em rápidos contra-ataques. Felizmente, o golo leonino apareceu ainda durante a 1ª parte, permitindo ao Sporting abordar a 2ª parte ainda com mais confiança e motivação, não necessitando de arriscar tanto e preferindo adotar uma atitude mais expectante e de maior contenção, jogando com muita concentração, espírito de entreajuda e de sacrifício, privilegiando sobretudo o contra-ataque.
Apesar de um ligeiro domínio e ascendente portista durante a 2ª parte, este acabou por se revelar infrutífero e inócuo, pois os jogadores do F.C. Porto foram pouco objetivos e decididos na hora do remate, insistindo num futebol de grandes adornos técnicos e de muitos passes, mas sem a profundidade desejada e revelando pouca eficácia e inspiração na zona de finalização. Ao invés, os jogadores do Sporting bateram-se como autênticos "leões", com uma defesa intransponível ajudada por um meio campo muito batalhador e dispondo igualmente de avançados com um grande espírito de entreajuda.
Uma das equipas-tipo do Sporting da época de 1981-82.
Em cima (da esquerda para a direita): Eurico, Jordão, Meszaros, Virgílio, Inácio e Oliveira.
Em baixo (mesma ordem): Lito, Carlos Xavier, Barão, Manuel Fernandes (cap.) e Nogueira.
Para a história deste jogo, aqui fica a constituição da equipa leonina que, com esta vitória sobre um dos mais fortes concorrentes na corrida ao título, mostrou que era também uma forte candidata a conquistar o campeonato, como felizmente se veio a comprovar mais tarde. O treinador inglês Malcolm Allison dispôs a equipa num sistema tático em 4x3x3, aparentemente ofensivo, mas na verdade, como Oliveira recuava muitas vezes para ajudar na luta do meio-campo, aquele sistema acabou por se transformar frequentemente num 4x4x2.
A equipa leonina alinhou da seguinte forma: Meszaros; Barão, Carlos Xavier, Eurico e Virgílio; Ademar, Marinho e Nogueira; Manuel Fernandes (cap.), Oliveira e Mário Jorge. Não foram efetuadas quaisquer substituições na equipa leonina.
Caricatura da autoria de Francisco Zambujal de antevisão do clássico:
O duelo entre os 2 treinadores, Malcolm Allison (Sporting) e Hermann Stessl (F.C. Porto).
A terminar, só para acrescentar que uma das grandes "baixas" para este jogo foi a do excelente avançado leonino, Jordão, que se encontrava lesionado, tendo jogado em seu lugar o jovem extremo esquerdo Mário Jorge que efetuou, aliás, uma excelente exibição, para além de ter sido o autor do golo da vitória leonina. Na edição de sábado do jornal A Bola, o Mestre Francisco Zambujal, o maior caricaturista desportivo de sempre, fazia a já habitual antevisão destes clássicos, retratando o duelo Allison-Stessl numa belíssima caricatura, as quais fazem também parte da história do futebol português e, em particular, do campeonato nacional.
Boa noite,
ResponderEliminarO 1º Sporting-Porto que vi ao vivo foi na temporada 1989/90, que ganhámos por 1-0, com autogolo de André. Na frente, jogava o Fernando Gomes, antigo bibota de ouro dos rivais nortenhos. Paulinho Cascavel entrou na parte final e foi dele o cruzamento que fez com que o trinco do Porto cortasse a bola para a sua própria baliza, para evitar que a mesma chegasse ao Gomes. Nesse jogo, o extremo Lima (grande pé esquerdo e promessa que infelizmente não passou disso), falhou 2 golos de baliza escancarada. Fiquei muito feliz, pois no 1º jogo com um dos rivais que eu vi ao vivo, o meu Sporting ganhou!
Cumprimentos,
Rui Nascimento
Bela equipa esta do Malcolm Alisson.:) Um trio de ataque de luxo: Manuel Fernandes-Jordão-Oliveira. Infelizmente, este António Oliveira gostava de intrigas e de criar problemas. Soube que foi grande jogador, mas também intriguista e consta que foi por causa dele que o João Rocha despediu o Allison. O Sporting estava a fazer um estágio no estrangeiro e o Oliveira regressou mais cedo por estar lesionado. Disse ao então emblemático João Rocha que os jogadores estavam sempre em noitadas. Apesar de Malcolm Allison ser "um bom copo", o que é certo é que quem acabou por ir para o lugar dele foi o Oliveira, como treinador-jogador. Os episódios com a seleção no Mundial 2002 adensaram ainda mais a sua incapacidade de manter um grupo unido e solidário.
ResponderEliminarCumprimentos,
Rui Nascimento
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarNesta época, o Sporting fez a dobradinha e conseguiu vencer os 2 rivais em Alvalade! :) Gostava muito do Mário Jorge, ele ainda jogou no Beira-Mar e salvo erro, no Estoril. Depois deste 1-0 ao Porto, ganhou ao Benfica por 3-1,isto já na ponta final do campeonato, com um hat-trick de Jordão, no tal jogo em que o Bento foi expulso por agredir o Manuel Fernandes. Na altura, os jogadores rivais conviviam muito uns com os outros fora dos relvados, algo que infelizmente, hoje não acontece...
ResponderEliminarCumprimentos,
Rui Nascimento
Quero deixar os meus parabéns pelo excelente blog que é o Armazém Leonino.Esclareço desde já que sou Benfiquista,mas acima de tudo tenho bastante curiosidade pela historia,nomeadamente das décadas de 70 e 80 dos grandes de Portugal.Como o anterior comentário refere,antigamente os profissionais conseguiam ter um relacionamento de respeito e até de amizade.Apesar de ser adepto do rival,lembro-me bem destas grandes equipas do Sporting,não só no futebol,mas também no hóquei com Ramalhete,Sobrinho,Trindade,Luìs Nunes ou Chana,no atletismo com Lopes e Mamede,no basket com Lisboa e Rui Pinheiro ou no andebol com Carlos Silva ou Manuel Brito. E acima de tudo o Sporting desses tempos era gerido por um senhor que na minha opinião foi o ultimo grande lider que passou por Alvalade, o falecido Sr. João Rocha.
ResponderEliminarvery good article
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