quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Uma frase mítica de um jogador genial (Oliveira): "Por cada leão que cair outro se levantará!"

Existem afirmações que proferidas por uma determinada pessoa, num contexto particular e num momento especial da vida de um clube, assumem um significado e relevância enormes, podendo, por isso mesmo, serem eternamente recordadas como exemplo de um estado de espírito a preservar ou de um lema a seguir.
Tal foi o caso de uma célebre afirmação proferida pelo antigo jogador leonino, Oliveira (jogou 3 épocas e meia no Sporting, entre 1981/82 e 1984/85: incompleta), um dos mais geniais e carismáticos jogadores de sempre do futebol português. Primeiramente, vamos contextualizar essa afirmação para melhor entendermos o seu significado e alcance.
Estávamos em Março de 1982, na semana que antecedia a realização do "derby" Sporting-Benfica, a contar para a 23ª jornada do Campeonato Nacional da época de 1981/82. Na jornada anterior, no Estádio do Bessa, diante do Boavista, o Sporting havia sofrido dois contratempos: foi derrotado, por 2-1, e viu um dos seus jogadores mais influentes e categorizados, precisamente Oliveira, lesionar-se (ainda na 1ª parte) com uma certa gravidade, cuja lesão o afastou dos relvados durante cerca de mês e meio.
Perante a importância do "derby", cujo desfecho final poderia ter grandes repercussões na luta pelo título, a 7 jornadas do fim do campeonato, e em face da impossibilidade de Oliveira dar o seu precioso contributo à equipa leonina, a massa associativa do Sporting encontrava-se bastante ansiosa e apreensiva nas vésperas deste encontro que, em caso de vitória leonina, poderia lançar definitivamente o Sporting para a conquista do título, como aliás veio a acontecer.
Foi neste contexto delicado e de grande carga emocional, que Oliveira, procurando serenar os ânimos e transmitir confiança e tranquilidade, quer aos adeptos e sócios, quer à sua própria equipa, proferiu a seguinte frase: "Por cada leão que cair outro se levantará!". No fundo, Oliveira quis dizer que qualquer jogador leonino que fosse chamado a substituí-lo, oferecia totais garantias de um bom desempenho, estando perfeitamente à altura da responsabilidade de rendê-lo num jogo desta importância e grau de dificuldade.
O que é certo é que o Sporting acabou por vencer, e bem, o Benfica, por 3-1 ("hat-trick" de Jordão: 20, 62 e 78 minutos, os 2 primeiros de grande penalidade), e a ausência de Oliveira quase não se fez sentir, pois a equipa leonina jogando com um forte espírito de grupo e com um sentido colectivo notável disfarçou a falta do seu grande patrão e maestro.
Recordemos, então, a formação leonina que alinhou nesse emocionante "derby", realizado no Estádio José Alvalade, no dia 28 de Março de 1982, a contar para a 23ª jornada do campeonato:
Meszaros; Barão, Carlos Xavier, Eurico e Marinho; Ademar, Virgílio, Nogueira e Lito; Manuel Fernandes (cap.) e Jordão. Na 2ª parte, Mário Jorge entrou, aos 57 minutos, para o lugar de Marinho e Freire rendeu Nogueira, aos 80 minutos.
O Sporting possuía, de faco, um plantel rico, quer em quantidade, quer em qualidade, tendo o treinador inglês, Malcolm Allison, ao seu dispor várias opções para as diferentes posições, com jogadores polivalentes e de grande versatilidade táctica, para além, claro, de jogadores de enorme classe e categoria técnica. Só a título de curiosidade, registe-se o facto do plantel leonino contar apenas com 2 (!) jogadores estrangeiros: Meszaros e Meneses.
Equipa leonina que venceu o Benfica por 3-1.
Em cima (da esquerda para a direita): Eurico, Jordão, Lito, Meszaros, Virgílio e Carlos Xavier.
Em baixo (mesma ordem): Ademar, Marinho, Barão, Manuel Fernandes (cap.) e Nogueira.

A frase mítica de Oliveira viria, inclusivamente, a ficar imortalizada numa placa colocada na parede de uma zona nobre, no interior do antigo Estádio José Alvalade. Esta placa viria, mais tarde, a transitar para o novo Estádio Alvalade XXI, à semelhança, aliás, de outras placas evocativas de acontecimentos e datas importantes da História do Sporting, as quais se encontram todas reunidas numa área interior por baixo de uma das bancadas do novo estádio.

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