sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Recordações de um inesquecível e saudoso "derby" Sporting - Benfica (época 1976/77).


Realiza-se este fim de semana (sábado, 31 de Agosto, pelas 20 horas), no Estádio José Alvalade, o primeiro grande "derby" da época de 2013/14, opondo, uma vez mais, os dois históricos e eternos rivais lisboetas. A propósito deste Sporting - Benfica a contar para a 3ª jornada do Campeonato Nacional, o Armazém Leonino recorda hoje um "derby" referente à já longínqua temporada de 1976/77, curiosamente realizado logo na 1ª jornada do campeonato daquela época, situação quase rara na História dos campeonatos nacionais, pois tal só voltaria a acontecer, curiosamente, na temporada seguinte (1977/78), com resultados, porém, bastante diferentes nesses dois jogos.
O jogo de que vamos falar hoje realizou-se a 4 de Setembro de 1976, também num sábado à noite, num Estádio José Alvalade completamente cheio, diria mesmo mais, a "rebentar pelas costuras" (com adeptos colocados mesmo junto às linhas de delimitação do terreno de jogo), e cuja partida constituiu precisamente o pontapé de saída da época de 1976/77. Para a história do jogo ficou um resultado extremamente positivo para a equipa leonina, a qual venceu categoricamente o Benfica por 3-0. Melhor estreia no campeonato e logo frente ao seu grande rival e campeão nacional em título seria difícil de imaginar!

Antigo, inesquecível e saudoso Estádio José Alvalade (1956 - 2003).

À semelhança do que vai acontecer na presente época, a temporada de 1976/77 assinalou também a ausência do Sporting das competições europeias, em virtude do modesto 5º lugar alcançado na época anterior (1975/76). Outras duas grandes novidades em relação ao plantel leonino daquela época foram as contratações, por um lado, do treinador inglês, Jimmy Hagan, que havia sido tricampeão nacional pelo Benfica (1970/71, 1971/72 e 1972/73) e, por outro lado, a contratação do excelente avançado maliano, Salif Keita, que tão boas exibições rubricou nas 3 temporadas em que jogou de "leão ao peito", deixando gratas recordações e enorme saudade entre os adeptos e sócios leoninos.
Como atrás referimos, o início de campeonato não poderia ter sido melhor e, de facto, durante a 1ª volta do campeonato o Sporting confirmou esse arranque tão prometedor. Com efeito, durante as primeiras 12 jornadas, a equipa leonina teve um desempenho quase fulgurante, obtendo 11 vitórias e 1 empate. O primeiro desaire viria a acontecer precisamente à 13ª jornada, diante do Vitória Futebol Clube, numa partida em que os "leões" foram bastante infelizes, sendo derrotados por 1-0, através de um golo marcado na própria baliza por Valter, a dois minutos do fim do encontro.
Mesmo assim, o Sporting logrou manter-se na frente do campeonato durante mais 6 jornadas. Até que a 26 de Fevereiro de 1977, à 19ª jornada (4ª jornada da 2ª volta), fruto de um empate caseiro (0-0) diante do Leixões, o Sporting cede o 1º lugar em favor do Benfica, que não mais largará a liderança até final do campeonato, vindo a vencê-lo com 9 pontos de vantagem relativamente ao Sporting, cujo desempenho foi decrescendo definitivamente à entrada do último terço da prova.
Sobre a prestação da equipa leonina neste campeonato, e, em particular, sobre o seu arranque fulgurante e final penoso, pode-se utilizar uma metáfora dizendo que foi um "balão" que encheu muito depressa, mas que não se aguentou cheio o tempo suficiente, vindo a perder ar à medida que ia caminhando, acabando por se esvaziar, quase por completo, quando estava próximo do seu destino.

Uma das equipas-tipo leonina referente à época de 1976/77.
Em cima (da esquerda para a direita): Conhé, Fraguito, Inácio, Laranjeira (cap.), Keita e José Mendes.
Em baixo (mesma ordem): Marinho, Valter, Manuel Fernandes, Da Costa e Baltasar.

Voltemos, então, ao jogo de abertura do campeonato nacional da época de 1976/77 e recordemos a concludente vitória leonina por 3-0 diante do seu rival encarnado. Foi aquilo a que se pode chamar uma "entrada de leão" na nova temporada. Após um empate (0-0) registado ao intervalo, o Sporting adiantou-se no marcador à passagem do quarto de hora da 2ª parte, por intermédio de Manuel Fernandes. Um quarto de hora depois, seria a vez de Camilo dilatar a vantagem para 2 golos. Finalmente, a cinco minutos do final, Baltazar fechou a contagem, apontando o 3º e último do golo da partida. Era o culminar de uma excelente exibição da equipa leonina que surpreendeu com um futebol audaz e destemido, não apenas a equipa encarnada e o seu novo técnico, também inglês, John Mortimore, mas igualmente a sua massa associativa que não esperava um começo tão forte e convincente da sua equipa.
A equipa leonina alinhou num sistema tático em 4x3x3, tendo o seu técnico Jimmy Hagan apostado num futebol de cariz ofensivo, com uma frente atacante de 3 jogadores. Vejamos a constituição da equipa: Conhé; Inácio, Laranjeira (cap.), José Mendes e Da Costa; Vítor Gomes, Fraguito e Baltasar; Manoel, Manuel Fernandes e Keita. A única substituição ocorrida foi a saída de Vítor Gomes para dar entrada a Camilo, aos 55 minutos de jogo.
Na edição de 5ª feira (9 de Setembro) do jornal "A Bola", aparecia publicada a já habitual e indispensável caricatura de Francisco Zambujal, aludindo precisamente ao resultado do "derby" do fim de semana anterior. Para tal, o talentoso e genial artista recorreu aos dois treinadores ingleses dos 2 clubes rivais para retratar a vitória do Sporting sobre o Benfica.
Jimmy Hagan prega uma partida a John Mortimore, rasteirando o seu compatriota.

À semelhança do ocorrido há 37 anos, também esta época o Sporting entrou muito forte no campeonato, liderando a prova decorridas que estão duas jornadas. O tão ansiado e emocionante "derby" chega, desta vez, à 3ª jornada e todos os adeptos e sócios leoninos esperam e desejam que o Sporting confirme neste jogo tudo aquilo que de bom fez até agora, continuando na senda das boas exibições, mas que, sobretudo, vença a partida, pois tal significaria um avanço de 6 pontos sobre o seu rival da 2ª circular.
Para além desse avanço já significativo que se estabeleceria entre os dois clubes, essa vitória daria ainda mais motivação à jovem equipa leonina, permitindo-lhe igualmente continuar na liderança do campeonato. 
À partida, não se espera que, desta vez, o Sporting vença por 3-0 como há 37 anos, mas todos nós sabemos como os resultados dos "derbies" são imprevisíveis, não havendo, muitas vezes, qualquer lógica em termos daquilo que seria de esperar, tendo em conta a prestação recente das duas equipas. É, pois, sempre difícil prever aquilo que vai acontecer em termos do resultado final de uma partida deste género, embora se possa especular acerca do momento de forma atual das duas equipas e, nesse aspeto particular, pensamos que o Sporting está mais forte e que tem maior probabilidade de vencer o jogo. Se fosse por 3-0, seria "ouro sobre azul", mas basta uma vitória mesmo por um golo de diferença, se possível aliada a um grande espetáculo de futebol, com correção e "fair play" dentro e fora das quatro linhas e, claro, com uma boa exibição do Sporting.

domingo, 25 de agosto de 2013

Sporting conquista pela terceira vez a Supertaça de Andebol (SCP - 33 / F.C. Porto - 32).


Ontem, dia 24 de Agosto de 2013, o Sporting conquistou a Supertaça de Andebol vencendo, na final realizada em Viseu, o F.C. Porto, por 33-32, após prolongamento (28-28 no final do tempo regulamentar). Trata-se da terceira Supertaça conquistada pelo andebol leonino, após as vitórias referentes às épocas de 1997/98 e 2001/02, curiosamente também alcançadas diante do F.C. Porto.

Supertaça (época 1997/98).  

Supertaça (época 2001/02).

Supertaça (época 2013/14).

A conquista da Supertaça dá assim sequência à anterior conquista da Taça de Portugal, obtida no final da época anterior, igualmente, diante dos pentacampeões nacionais, por 30-28, e, igualmente, após prolongamento (25-25, no final do tempo regulamentar).
Aliás, começam a ser uma constante, nos últimos anos, as vitórias suadas e sofridas do Sporting diante do F.C. Porto, em finais bastante renhidas e disputadas até ao último segundo, quer a contar para a Taça de Portugal, quer a contar para a Supertaça, tendo de recorrer-se frequentemente a um prolongamento para encontrar o vencedor.
Com a conquista do troféu de ontem, o Sporting consolidou a sua liderança como o clube com o mais rico palmarés do andebol nacional, elevando para 37 o número de competições/títulos conquistados até hoje, distribuídos da seguinte forma: 19 Campeonatos Nacionais, 14 Taças de Portugal, 3 Supertaças e uma Taça Challenge (único clube português detentor de um troféu europeu). Atrás do Sporting, vem o F.C. Porto, com menos 4 troféus, isto é, com 33 troféus (18 Campeonatos Nacionais, 7 Taças de Portugal, 5 Supertaças e 3 Taças da Liga).
A equipa de andebol leonina inicia, assim, da melhor forma a nova temporada, para a qual parte com ambições e expectativas redobradas no que diz respeito à luta pelo título de campeão nacional, o seu principal objetivo para a presente época, o qual lhe escapa desde a época de 2005/06.
Para tal, o andebol leonino vai continuar a contar com a excelente dupla constituída por Frederico Santos (treinador) e Fernando Nunes (diretor desportivo), que tão boas provas têm dado até agora, dispondo, igualmente, de um plantel de grande qualidade que vai tentar quebrar a hegemonia portista dos últimos 5 anos na principal competição do andebol nacional.
Taça Challenge (2010).

Taça de Portugal (2012).

Taça de Portugal (2013).

Os triunfos alcançados pelo andebol leonino nas últimas épocas (Taça Challenge, em 2010, Taça de Portugal, em 2012 e 2013, Supertaça, em 2013) mostram que, apesar dos constrangimentos financeiros e consequentes reduções orçamentais verificadas em diversas modalidades, constata-se que, no que diz respeito ao andebol, o clube tem vindo a fazer um esforço considerável no sentido de continuar a apostar, época após época, num projeto de progressiva consolidação e reforço das sua equipas seniores, tendo em vista atacar, no mais curto período de tempo possível, o título nacional e, quem sabe, voltar a conquistar uma competição europeia (competindo, este ano, na Taça EHF).

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Há 30 anos atrás, vitória leonina também por 5-1 na jornada inaugural do Campeonato Nacional (época 1983/84).

A propósito da vitória do Sporting por 5-1, diante do Arouca, ocorrida no passado fim de semana, em jogo a contar para a primeira jornada do Campeonato Nacional da nova época futebolística 2013/14, o Armazém Leonino recorda hoje uma outra vitória leonina, também por 5-1 e, igualmente, verificada na jornada inaugural, mas do Campeonato Nacional da temporada de 1983/84.
Com efeito, vai agora fazer 30 anos que o Sporting arrancou uma goleada por 5-1 diante do Penafiel, a 27 de Agosto de 1983, no Estádio José Alvalade, em jogo a contar para a primeira jornada do campeonato, o qual assinalou, igualmente, a estreia de Paulo Futre na equipa sénior leonina. E que estreia, meus senhores!


Paulo Futre: Uma época de "leão ao peito"
de uma jovem "estrela" de 17 anos.

Ao intervalo verificava-se um empate 0-0. Após uma primeira parte dececionante, em que o ataque se havia revelado inoperante e as oportunidades de golo infrutíferas, o então treinador checoslovaco, Jozef Venglos, decidiu arriscar mais no ataque, apostando numa jovem promessa de 17 anos. O Sporting precisava de marcar golos e de reforçar e alargar a linha avançada. Assim, no recomeço da partida, Futre rende Festas e em apenas 45 minutos o génio e o talento do jovem esquerdino do Montijo soltam-se pelo campo, mudando por completo o cariz do jogo. Jogando bem aberto sobre o flanco esquerdo, as suas arrancadas demolidoras e dribles desconcertantes desbaratam por completo a defesa penafidelense, contribuindo, e de que maneira, para a goleada leonina. Com apenas 17 anos, Futre assinava uma fantástica exibição e uma estreia auspiciosa, confirmando plenamente o seu enorme talento, augurando-se-lhe um futuro promissor pela frente. Nessa época, a única que realizou, como sénior, com a camisola leonina, o genial esquerdino efetuou 28 jogos tendo marcado 3 golos. Infelizmente para o Sporting, na época seguinte Futre ingressaria no F.C. Porto, para nunca mais voltar ao clube que o formou e projetou para o estrelato.


Equipa leonina que iniciou a partida com o Penafiel.
Em cima (da esquerda para a direita): Zezinho, Jordão, Festas, Virgílio, Gabriel e Oliveira.
Em baixo (mesma ordem): Lito, Carlos Xavier, Manuel Fernandes (cap.), Katzirz e Romeu.

Recordemos a equipa leonina que alinhou no jogo de estreia do campeonato da época de 1983/84, diante do Penafiel: Katzirz; Gabriel, Zezinho, Virgílio e Carlos Xavier; Lito, Festas e Romeu; Manuel Fernandes (cap.), Oliveira e Jordão. Ao intervalo, Futre rendeu Festas e aos 77 minutos, o avançado brasileiro Jason rendeu Carlos Xavier. Manuel Fernandes (55 e 86 minutos) e Jordão (74 e 90 minutos) marcaram, cada qual, por duas vezes, tendo Virgílio (72 minutos) apontado o outro golo. Que saudades desta equipa leonina quase 100 por cento portuguesa, sendo a exceção o guarda redes húngaro Katzirz!
Recuando aos jogos de estreia do Sporting no Campeonato Nacional dos últimos 50 anos, atuando na condição de visitado, verificamos que não houve muitas vitórias por 4 ou mais golos de diferença como a registada diante do Arouca (5-1) no passado fim de semana. A título de curiosidade, registámos as goleadas obtidas em casa pelo Sporting, na jornada inaugural, entre as épocas de 1963/64 e 2013/14 e constatámos que ocorreram apenas em 5 ocasiões. Vejamos as respetivas temporadas:

- 1968/69: Sporting - 5 / Varzim - 0; (5º classificado)
- 1969/70: Sporting - 4 / Braga - 0; (campeão nacional)
- 1983/84: Sporting - 5 / Penafiel - 1; (3º classificado)
- 1985/86: Sporting - 6 / Penafiel - 0; (3º classificado)
- 2013/14: Sporting - 5 / Arouca - 1.

Destas 5 "entradas de leão", uma conduziu o Sporting ao título de campeão nacional, na época de 1969/70. Após uma temporada para esquecer, na qual obteve a pior classificação de sempre do seu historial de presenças no Campeonato Nacional (7º lugar), para a presente época espera-se e deseja-se que o Sporting tenha um melhor desempenho e obtenha uma classificação mais consentânea com os pergaminhos, historial e grandeza do clube.
A avaliar pelas primeiras impressões e exibições deixadas pela equipa leonina nos jogos particulares de pré-época, na Taça de Honra, no troféu "Cinco Violinos" e na primeira jornada do Nacional, as perspetivas são deveras animadoras e as expectativas elevadas quanto à realização de uma boa temporada. Quando falamos numa boa época, estamos a referir-nos à conquista de, pelo menos, uma das competições em que o Sporting vai estar envolvido: Campeonato Nacional, Taça de Portugal e Taça da Liga.
Com efeito, a qualidade da "matéria prima" posta à disposição do técnico Leonardo Jardim leva-nos a acreditar que é possível lutar por todos os troféus em disputa, quase no mesmo pé de igualdade, com o F.C. Porto, Benfica e Braga. Para a presente temporada, o Sporting dispõe, de facto, de um plantel de grande qualidade, com diversas opções válidas, as quais são garante de polivalência, versatilidade, equilíbrio e consistência para as várias posições dentro do campo e entre os diversos setores da equipa.
Na verdade, o Sporting dispõe de um conjunto bastante apreciável de jovens jogadores de enorme capacidade e potencial futebolísticos, aliados a uma grande margem de progressão, como são os casos de Cedric, Eric Dier, Nuno Reis, Tiago Ilori (?), Fokobo, Ruben Semedo, Ricardo Esgaio, Welder, João Mário, Iuri Medeiros, Chaby, Betinho, Zezinho, Bruma (?), William Carvalho, Wilson Eduardo, Adrien, André Martins, Cissé e Carrillo. Alguns destes jovens não são apenas promessas, já são uma certeza. Aliados a esta juventude, o plantel leonino conta ainda com jogadores mais velhos e experientes que conferem maturidade, estabilidade e equilíbrio à equipa, como Rui Patrício, Maurício, Rojo, Jefferson, Rinaudo, Diego Capel, André Santos, Gerson Magrão, Fredy Montero e Slimani.
Leonardo Jardim e a sua equipa não podem nem devem prometer o título, mas podem e devem prometer lutar, até à exaustão e até à última gota de suor, pela vitória em todas as jornadas, qualquer que seja o campo ou o adversário. O que todos os sportinguistas esperam e exigem é que os jogadores leoninos dignifiquem a camisola que envergam e respeitem o emblema que representam, dando tudo de si em campo, "deixando a pele em campo" ou "comendo a relva" como se costuma dizer. No fundo, que façam jus ao lema do clube: Esforço, dedicação, devoção e glória. O Sporting pode contar com o seu 12º jogador: os seus fiéis e dedicados adeptos, os melhores do Mundo!