A propósito da 13ª edição dos "Mundiais" de Atletismo (pista ao ar livre) que estão a decorrer em Daegu (Coreia do Sul), o Armazém Leonino recorda hoje um dos maiores atletas da História do atletismo leonino - Domingos Castro - que, há precisamente 24 anos, conquistou, na 2ª edição daquela competição, realizada em Roma, a medalha de prata na prova de 5 000 metros.
Com efeito, em 1987, Domingos Castro, então prestes a completar 24 anos, alcançava um dos maiores feitos da sua longa e excelente carreira, ao conquistar um brilhante 2º lugar - com a marca de 13.27,59 minutos - na final dos 5 000 metros dos Campeonatos do Mundo de Pista em Atletismo realizados em Roma, sendo apenas batido pelo grande atleta marroquino Said Aouita, na altura, um dos melhores meio-fundistas mundiais que, inclusivamente, havia sido campeão olímpico desta distância nos Jogos de Los Angeles, em 1984.
A estreia de Domingos Castro em "Mundiais" de Atletismo não poderia ter sido mais auspiciosa, vaticinando-se um futuro promissor para o então jovem atleta leonino na alta roda do atletismo mundial. Domingos Castro era, na verdade, um atleta muito combativo e raçudo, revelando uma enorme fibra e espírito de sacrifício, qualidades estas que se aliavam a uma constante disponibilidade física e mental para o treino e a uma crescente motivação no sentido da sua evolução e melhoria técnico-táctica.
Logo no ano seguinte, nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, Domingos Castro esteve prestes a conquistar nova medalha na prova de 5 000 metros, naquela que terá sido uma das mais frustrantes e dramáticas corridas da sua carreira, falhando um lugar no pódio por escassos metros.
Na verdade, Domingos Castro viu fugir-lhe, de forma inglória e injusta, a medalha que esteve ao seu alcance até à entrada para a última volta, altura em que já nos últimos 200 metros, não resisitiu ao elevado esforço dispendido ao longo da prova, vendo-se ultrapassado, a poucos metros da meta, por dois atletas alemães. A corrida viria a ser ganha pelo queniano John Ngugi que praticamente liderou a prova do princípio ao fim, tendo Domingos Castro pagado caro o facto de ter sido o único atleta que tentou ir atrás do queniano que cedo se distanciou dos demais corredores. O atleta leonino acabou por terminar a corrida num frustrante 4º lugar, ainda assim com o excelente tempo de 13.16,09 minutos.
Nos anos seguintes, Domingos Castro continuou a dar nas vistas em grandes competições de atletismo, sendo justamente considerado pelos especialistas um dos principais fundistas europeus e mundiais da sua geração. Embora não tenha voltado a conquistar mais nenhuma medalha em Campeonatos da Europa, Campeonatos do Mundo ou Jogos Olímpicos, Domingos Castro esteve presente em várias finais daquelas competições, quer em 5 000, quer em 10 000 metros, tendo alcançado lugares bem honrosos, dos quais destacamos os seguintes (por ordem cronológica): 1986 (Estugarda) - Campeonato da Europa de Pista: 5º lugar (10 000 metros); 1991 (Tóquio) - Campeonato do Mundo de Pista: 5º lugar (5 000 metros); 1992 (Barcelona) - Jogos Olímpicos: 11º lugar (5 000 metros); 1994 (Helsínquia) - Campeonato da Europa: 9º lugar (5 000 metros); 1997 (Atenas) - Campeonato do Mundo de Pista: 6º lugar (10 000 metros).
Domingos Castro participou ainda na Maratona dos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996 e dos Jogos Olímpicos de Sidney, em 2000, tendo alcançado, respectivamente, a 25ª e 18ª posições. Das 16 maratonas que correu, venceu duas, a maratona de Paris, em 1995 e a maratona de Roterdão, em 1997, conseguindo aí a sua melhor marca pessoal, com o tempo de 2 horas, 7 minutos e 51 segundos.
A partir do final da década de 80 e início da década de 90, começou a assistir-se a uma supremacia quase esmagadora por parte dos atletas africanos, sobretudo dos oriundos da África Negra (Quénia e Etiópia) que passaram a dominar praticamente todas as corridas de meio fundo e fundo das principais competições do atletismo mundial, quer em pista, estrada ou corta-mato. Domingos Castro e outros atletas europeus da sua geração sentiram na pele este fenómeno, e nas corridas em que participavam atletas africanos, aqueles tinham de limitar-se a lutar pelo título de melhor atleta europeu!
A partir do final da década de 80 e início da década de 90, começou a assistir-se a uma supremacia quase esmagadora por parte dos atletas africanos, sobretudo dos oriundos da África Negra (Quénia e Etiópia) que passaram a dominar praticamente todas as corridas de meio fundo e fundo das principais competições do atletismo mundial, quer em pista, estrada ou corta-mato. Domingos Castro e outros atletas europeus da sua geração sentiram na pele este fenómeno, e nas corridas em que participavam atletas africanos, aqueles tinham de limitar-se a lutar pelo título de melhor atleta europeu!
Este poderio africano que já dura há cerca de 25 anos e que promete manter-se nos próximos, diria mesmo, longos anos, fez com que os atletas europeus, nos últimos anos, deixassem de figurar no pódio e na luta pelas medalhas nas provas de meio-fundo e fundo em grandes competições de atletismo. A edição deste ano dos "Mundiais" de Atletismo de Daegu deu disso uma prova inequívoca e concludente, quer no sector masculino, quer no sector feminino.
Relativamente ao total de participações em grandes competições mundiais de atletismo, Domingos Castro esteve presente em 4 edições dos Jogos Olímpicos, 5 edições do Campeonato do Mundo de Pista e duas edições do Campeonato da Europa de Pista.
Como atleta versátil e polivalente que era, Domingos Castro sobressaiu igualmente no corta-mato, em cuja especialidade viria a alcançar lugares de destaque, apesar de, como atrás referimos, já se fazer sentir o poderio africano também no corta-mato. Ainda assim, Domingos Castro teve participações bastante honrosas no Campeonato do Mundo de Corta-Mato, em cuja competição é, ainda hoje, o recordista mundial de presenças, com nada mais nada menos que 18 (17 das quais consecutivas como sénior e uma como júnior). Destas 18 participações, há a referir 7 presenças entre os 15 primeiros classificados, destacando-se a obtenção de um 7º lugar (melhor atleta europeu) em 1990 e de um 10º lugar em 1999. Viria a conquistar a medalha de prata em Alnwick (Inglaterra), em 1994, no recém-criado Campeonato da Europa de Corta-Mato.
Caricatura genial dos irmãos-gêmeos Castro, da autoria
do mestre Francisco Zambujal: à esquerda Dionísio Castro,
à direita Domingos Castro.
A nível de clubes, em representação do Sporting, Domingos Castro conquistou inúmeros títulos nacionais e europeus, quer individuais, quer colectivos, em pista, estrada e corta-mato, mas disso não daremos conta nesta postagem, pois tal foge do âmbito deste artigo, o qual procurou essencialmente analisar a carreira internacional individual de Domingos Castro nas principais competições do atletismo mundial.
A abordagem relativa à carreira de Domingos Castro ao serviço do Sporting ficará para uma outra ocasião, já que oportunidades para tal não faltarão certamente.
De uma coisa não restam dúvidas. Para além de ter sido um dos maiores atletas leoninos de todos os tempos, digno sucessor de outros grandes atletas como Carlos Lopes e Fernando Mamede, Domingos Castro foi, igualmente, um dos melhores atletas nacionais de sempre e um fundista de craveira mundial, quer em pista, quer em corta-mato.
1 comentário:
http://um-para-um.blogspot.com/2011/09/cr7-e-cr9-parte-1.html
Comentem sobre o vosso prodigio!
Abraço
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