Peixe

Emílio Manuel Delgado Peixe, nascido a 16 de Janeiro de 1973, na Nazaré, foi um dos grandes jogadores formados nas camadas jovens do Sporting, tendo tido uma carreira fantástica nos diversos escalões de formação por onde passou.

Também ao serviço das selecções nacionais jovens, Peixe foi sempre um dos melhores jogadores e titular indiscutível nas equipas dos vários escalões onde actuou, tendo sido, igualmente, um dos jogadores (da sua geração) mais internacionais de sempre.

Com efeito, Peixe teve uma ascenção fulgurante desde os escalões de formação até ao escalão sénior, tendo-se estreado na equipa principal do Sporting, com apenas 17 anos, a 2 de Dezembro de 1990, num jogo realizado no estádio D. Manuel de Melo (Barreiro), diante do Farense, a contar para a 15ª jornada do campeonato, com vitória do Sporting por 1-0. Este seria, aliás, o único jogo disputado por Peixe na época de 1990/91, ano da realização do Campeonato do Mundo de Sub-20, em Lisboa, competição na qual se sagrou Campeão do Mundo e foi considerado o melhor jogador do "Mundial".

Em representação dos escalões jovens de Portugal, para além de ter sido, em 1991, Campeão do Mundo de Sub-20, Peixe foi, ainda, Campeão da Europa de Sub-16 (juniores B), em 1989, medalha de bronze no Campeonato do Mundo de Sub-16, em 1989 e medalha de prata no Campeonato da Europa de Sub-18 (juniores A), em 1990.

Porém, a fabulosa carreira realizada por Peixe ao nível dos escalões de formação não teve a esperada continuidade e a confirmação absoluta no escalão sénior do futebol português, nomeadamente, na equipa principal do Sporting.

Na verdade, quando subiu a sénior, Peixe passou a revelar-se um jogador demasiado ansioso e emocionalmente instável, parecendo sentir uma grande responsabilidade sobre os seus ombros e uma enorme pressão por envergar a camisola do Sporting. Tal situação prejudicou muito as suas prestações em campo, caracterizadas por uma grande irregularidade exibicional, nas quais alternava bons jogos com outros menos conseguidos e até sofríveis.

De facto, a partir de determinada altura do seu trajecto em Alvalade, fruto da sua instabilidade psicológica, Peixe tornou-se num jogador algo nervoso e quezilento, jogando, por vezes, de forma demasiado dura e viril, ficando até com uma imagem de jogador violento e "sarrafeiro", que não tinha de maneira nenhuma, quando jogava nas camadas jovens, onde era visto como um jogador correcto, disciplinado, com uma enorme disponibilidade física, com um excelente sentido táctico e uma boa técnica individual.

De certa forma, Peixe acabou também por ser prejudicado pela própria instabilidade e conjuntura que o clube vivia nessa altura, com os sócios e adeptos a exigirem demasiado e a colocarem grande pressão e responsabilidade nos jogadores formados no clube, com mudanças constantes de treinadores, que ora o colocavam a jogar na posição de médio ou trinco, ora o colocavam a jogar a líbero e até a defesa central. Aliás, nesta última posição, Peixe sentia-se pouco à vontade e rendia menos, pois a sua posição de raíz e na qual se habituou sempre a jogar nas camadas jovens, quer do Sporting, quer da Selecção Nacional, foi no meio campo, como médio defensivo, sector onde rendia muito mais.

À excepção daquele único jogo efectuado na época de 1990/91, Peixe jogou durante mais 6 temporadas no Sporting, entre 1991/92 e 1996/97, ao longo das quais realizou um total de 155 jogos e marcou 3 golos, obtendo uma boa média de cerca de 26 jogos por época.

Ao serviço dos "leões", Peixe conquistou apenas 2 troféus: uma Taça de Portugal, em 1994/95 (vitória por 2-0, diante do Marítimo) e uma Supertaça "Cândido de Oliveira", em 1995/96 (vitória por 3-0, diante do F.C. Porto). Foi, ainda, finalista vencido noutras duas edições da Taça de Portugal, em 1993/94 e em 1995/96.

O título de Campeão Nacional que nunca conseguiu alcançar com a camisola do Sporting, viria a conquistá-lo ao serviço do F.C. Porto, em 1998/99, ano do famoso "Penta" dos "Dragões", que terminou com um recorde de 45 (!) anos que era pertença do Sporting: o inesquecível "Tetra" dos "Leões" em 1953/1954.

Em representação da Selecção Nacional A, Peixe foi apenas 12 vezes internacional, não conseguindo confirmar na selecção principal tudo aquilo que de excelente havia feito nas selecções nacionais jovens, acabando por constituir uma desilusão, uma vez que se esperava que viesse, à semelhança, por exemplo, de Figo, a realizar também uma grande carreira na Selecção Nacional A.

Após a conquista do Campeonato do Mundo de Sub-20, em 1991, em Lisboa, o que de melhor Peixe conseguiu alcançar foi o 4º lugar no Torneio Olímpico de Futebol dos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, onde integrou a respectiva Selecção Olímpica de Portugal.

Relativamente a Peixe, pode-se afirmar que passou ao lado de uma grande carreira, sendo indiscutível que se esperava muito mais dele, atendendo ao que tinha sido o seu trajecto nas camadas jovens do Sporting e da Selecção Nacional. Apesar de tudo, Peixe acabou por ganhar importantes troféus ao longo da sua carreira, quer a nível de clubes (Sporting e F.C. Porto), quer a nível das selecções jovens.