Desde o início da década de 80 do século XX até hoje, já lá vão 30 anos, assisti, umas vezes ao vivo, outras vezes através da televisão, a grandes exibições e vitórias do Sporting nas competições europeias de clubes.
Infelizmente, também presenciei várias derrotas e consequentes eliminações de equipas leoninas nas competições da UEFA. Algumas dessas eliminações foram, para mim, muito dolorosas do ponto de vista anímico e deixaram marcas profundas na minha memória, tão profundas que nunca mais me esqueci delas até hoje, sobretudo, devido à forma infeliz e injusta em que ocorreram essas eliminações, em cujas eliminatórias, o Sporting provou ser a melhor equipa, tendo, por isso, merecido passar à eliminatória seguinte.
Relativamente às eliminações europeias do Sporting ocorridas nas décadas de 60 e 70 não me pronuncio, pois não as testemunhei, nem no estádio, nem pela televisão. Porém, nos últimos 30 anos, tendo presenciado praticamente todas, registo, sobretudo, 3 jogos que me encheram de enorme tristeza e sofrimento, tendo, curiosamente, 2 deles, terminado com uma grande exibição e vitória leonina pelo mesmo resultado (2-1), insuficiente, porém, para evitar a eliminação inglória e injusta da Taça UEFA.
Apresento, a seguir, esses 3 jogos "azarados", nos quais a equipa leonina foi profundamente infeliz, não merecendo ser eliminada:
Equipa leonina (Época 1986-87).
- Época 1986/87 (2ª mão, 2ª eliminatória, Taça UEFA, 5 de Novembro de 1986): Sporting - 2 / Barcelona - 1. O Sporting, treinado por Manuel José, alinhou da seguinte forma: Damas; Virgílio, Duílio, Venâncio e Fernando Mendes; Zinho, Oceano, Negrete e Mário Jorge; Manuel Fernandes e Meade.
Os golos leoninos foram da autoria do mexicano Negrete (40 min.) e do inglês Meade (60 min.). Aos 83 minutos, com o resultado em 2-0 e com a eliminatória a favor do Sporting (após 0-1, em Barcelona), o médio catalão Roberto faz um golo fabuloso, com um remate forte e colocado, de fora da área, indefensável para Damas. Já antes do golo espanhol, Fernando Mendes, que fazia 20 anos nesse mesmo dia, teve uma oportunidade flagrante de fazer o 3-0, podendo logo aí ter "matado" o jogo. Fernando Mendes acabaria, inclusivamente, por ser um dos melhores jogadores em campo, realizando uma excelente exibição, tendo sido dele os cruzamentos para os 2 golos leoninos. Mais do que ninguém, o defesa esquerdo dos "leões" teria merecido a prenda da passagem à eliminatória seguinte, ingloriamente falhada.
Equipa leonina (Época 1993-94).
- Época 1993/94 (2ª mão, 3ª eliminatória, Taça UEFA, 7 de Dezembro de 1993): Casino Salzburgo - 3 / Sporting - 0 (após prolongamento). O Sporting, treinado pelo inglês Bobby Robson, alinhou da seguinte forma: Costinha; Nélson, Valckx, Peixe, Carlos Jorge e Paulo Torres; Figo, Paulo Sousa, Cherbakov e Balakov; Cadete.
Após a vitória por 2-0 no jogo da 1ª mão, em Alvalade, o Sporting sofre, com responsabilidades do seu guarda-redes, o 1º golo aos 2 minutos da 2ª parte e o 2º golo a 2 minutos do final da partida. No prolongamento, a equipa leonina sofre o 3º golo, sendo eliminada de forma azarada, quando havia sido superior à equipa austríaca no conjunto dos 2 jogos. Esta derrota e a consequente eliminação europeia do Sporting conduz ao, incrível e absurdo, despedimento de Bobby Robson, por parte do presidente leonino Sousa Cintra, contratando para o seu lugar Carlos Queiroz, numa altura em que o Sporting liderava o campeonato.
Equipa leonina (Época 1994-95).
- Época 1994/95 (2ª mão, 1ª eliminatória, Taça UEFA, 27 de Setembro de 1994): Sporting - 2 / Real Madrid - 1. O Sporting, treinado por Carlos Queiroz (que transitou da época anterior), alinhou da seguinte forma: Lemajic; Nélson, Marco Aurélio, Valckx e Paulo Torres; Figo, Peixe, Oceano e Balakov; Sá Pinto e Juskowiak.
Os golos leoninos foram da autoria de Sá Pinto (2 min.) e Oceano (31 min.). Aos 15 minutos, Michael Laudrup marcou o golo madrileno, empatando a partida. Na 2ª parte, o Sporting procurou intensamente o 3º golo que lhe daria a passagem à eliminatória seguinte, pois havia perdido, por 1-0, em Madrid, em cujo jogo a equipa leonina não foi inferior à equipa espanhola, tendo jogado de igual para igual com esta. Inclusivamente, em Madrid, o avançado leonino Juskowiak chegou a atirar uma bola ao poste. Na 2ª parte do jogo de Alvalade, o Sporting esteve, por mais de uma vez, à beira do golo, o qual só por mera infelicidade lhe escapou. A 2 minutos do final da partida, o avançado polaco Juskowiak teve o golo da eliminatória nos pés, mas falhou de forma azarada, atirando novamente ao poste.
Estas 3 eliminações foram, para mim, um autêntico "balde de água gelada" e foram, na verdade, aquelas que mais me custaram a aceitar e a "digerir". Ainda hoje, ao recordar aqueles 3 jogos, apodera-se de mim uma sensação desagradável, de um enorme desconforto e "amargo de boca", ainda para mais, tendo consciência que, dada a qualidade das equipas leoninas daquelas 3 épocas, elas poderiam, de facto, ter chegado bem longe na prova.
Histórias e memórias de outras épocas, de outras equipas, de tempos, apesar de tudo, saudosos!
13 comentários:
Bom artigo!
Houve também uma contra o (então) todo-o-poderoso Nápoles,de Maradona, que perdemos nos penalties, e também a meia-final da Taça UEFA contra o Inter, em que podíamos ter ganho à vontade na 1ª mão...
e o ano passado quando fomos eliminados pelo Atlético de Madrid?
Caros amigos Pedro Rebelo e Filipe.
Também me lembro bem dessas duas eliminatórias com o Nápoles e o Inter. Com o Nápoles, tivemos azar nos penalties, pois o Gomes falhou a grande penalidade decisiva no jogo da 2ª mão, em Itália. No entanto, não conseguimos marcar nenhum golo no conjunto dos 2 jogos, apesar de termos feito duas boas exibições, quer em Alvalade, quer em Lisboa. Com o Inter, podíamos ter ganho o jogo da 1ª mão em Alvalade, mas em Itália o Inter superiorizou-se ao Sporting, acabando por justificar a passagem à final da Taça UEFA, que veio a conquistar diante da Roma. Com o Atlético Madrid, em Alvalade, entrámos demasiado nervosos e cometemos 2 erros defensivos infantis, tornando-se difícil dar a volta à eliminatória. Também jogámos desfalcados de jogadores importantes, uns lesionados, outros castigados (Abel, João Pereira, Grimi, Tonel, Carriço, Izmailov)que fizeram falta. Um abraço e saudações leoninas!
Uma bem recente que ainda hoje me custa a engolir é a derrota em casa na final da UEFA 2004/05 contra o CSKA. No global foi justa, mas pelo que fizemos durante toda a caminhada e perder logo em casa e numa época em que praticámos uns dos mais belos jogos de futebol da europa, custa muito!!!!!
Apoio os 3 casos, mas tb deixo umas adendas:
-pese embora o 0-4 (ap), tb em Viena, por incrível que pareça (95/96), poderíamos ter feito golos, que até davam para ganhar o jogo!;
-em Napoles, para mim, o "click (agora tão na moda), foi não se ter capitalizado, logo a defesa do 1º penalty, quando o T.Ivkovic defendeu a penalidade batida pelo brazuca, acho (mas não era o Careca... era um defesa, certo?);
-em Milão, ante o Inter, mesmo c/ 2 golos "falsos", há a chance para 1-1 falhada pelo "leão-celtic-lampião" J.Cadete... mas eles foram superiores nesse jogo, pois além desse lance, apenas um remate perigodo do Zé Leal, já na 2ª parte...
Cumps a todos.
HS
Se não era o Careca, devia ser o Alemão (que era brasileiro...)
Alemão, parece-me bem que sim... foi ele o 1º a bater penaltys e logo o 1º a falhar... só que logo de seguida, "empatámos"!!!
Lembro-me muito bem dessa eliminatória com o Real Madrid e vivi "in loco" o jogo da 2ª mão. Jamais esquecerei o ambiente de Alvalade, completamente lotado, como em tantas noites aconteceu naquele smp eterno e velhinho estádio...
Entrámos super bem no jogo, a pressionar imenso o Real Madrid e a chegar ao golo, mas infelizmente tinha-mos na baliza um fraco GR (um problema que já não é de agora) que após um canto ganho pelos Espanhóis, decide borrar a pintura e sair em falso, bastando ao jogador merengue encostar...
Não desistimos e continuámos a dominar o adversário (que nessa altura, valha a verdade, não era uma equipa tão temível quanto noutros anos, mas é smp o Real Madrid...) chegando mesmo ao 2-1.
Ja mesmo no final lembro-me de estar na Superior Norte a saltar e gritar golo, após remate do Juskowiak à baliza junto à Superior Sul, mas a bola bate num poste, percorre a linha de baliza, bate no outro poste e sai... :( uma vez mais a sorte a não querer nada connosco...
A derrota em casa na final da UEFA com o CSKA tb foi um momento muito difícil e marcante...
Esses jogos contra o Real Madrid foram épicos. O da 2ª mão, então, foi avassalador. Mas o Real, há que reconhecer, estava longe do nível galáctico que demonstrou depois.
Contra o CSKA faltou estrutura mental. Estava 1-0 ao intervalo e jogávamos em casa. A matreirice russa, alguma ingenuidade e o azar de mandar ao poste logo a seguir ao 1-2 deu cabo de nós. Não fizemos um grande jogo.
Contra o Milan em 2002/03 (globalmente, uma má época) perdemos 2-0 na 1ª mão e fizemos um grande jogo na 2ª mão. Estava 1-0, golo de Niculae num remate de longe para a baliza do topo norte, e mandámos no jogo todo. No último minuto, com a equipa toda no ataque, o Milan marca em contra-ataque e o árbitro acabou logo ali o jogo. Merecíamos o prolongamento, no mínimo.
Com o AC Milan, foi em 2001/2002, ano da dobradinha.
Na 1ª mão, muita ingenuidade e 2 golos nos minutos finais de cada parte.
2002/2003, tivemos duas eliminações. Inter, pré eliminatória (CL) e Partizan (UEFA).
Com o Real, foi um dos manos Laudrup de carola... dizem que o único golo que marcou na carreira, de cabeça!!!
O lance final é o remate do Jusko, entre os postes, enqto o ballon andou pela linha, o tót+o Cadete, a olhar, ao invés de ir de carrinho, ou até com o orgão sexual... a bola vem para fora e Balakov estoira... contra a única perna que andava no ar: Sanchis... bola sobe e vai para canto!!!
Depois o Real ainda passou + uma Elim, mas na 3ª elim, a tal que igualava a competição à TTaças e TCampeões, joga com uns martelos dinamarqueses, vai ganhar 2-1 lá e em casa, perde 2-0, com o golo da eliminação quase no fim... de qq forma, parece-me que foram campeões de Espanha, no final da época em que jogaram connosco.
RUI NASCIMENTO:
Esse jogo com o Barcelona foi épico. Tremenda exibição do Sporting, que podia ter ganho por 3 ou 4 golos sem resposta. O Barcelona, pouco perigo criou, mas quando teve espaço não perdoou. Vi este jogo na RTP Memória e gravei-o em DVD. Penso que foi uma das melhores exibições da nossa equipa que eu vi até hoje. Sem dúvida, imerecido. Aquela com o Real Madrid também foi extremamente injusta. No somatório dos 2 jogos, o Sporting foi superior. Mas há uma eliminatória que ainda me está atravessada na garganta:1987/88-1/4 final: Atalanta:derrota 0-2 fora e empate 1-1 em casa. Jogámos muito mal em Itália, mas cá, fizemos grande jogo, mas o árbitro não nos deixou dar a volta á eliminatória:2 pénalties por marcar, 1 golo muito mal anulado ao Silvinho, no minuto seguinte ao golo do Houtmann e no último minuto, um remate do Cascavel não entra, porque é salvo em cima da linha. O nosso grande Damas também esteve mal no golo sofrido, visto que saiu da grande-área de qualquer maneira. Amanhã vamos ganhar aos belgas!
RUI NASCIMENTO II:
Aquela eliminação com os austriacos do Casino Salzburgo...ainda hoje me custa a acreditar:tantas oportunidades falhadas cá e lá.O Figo falhou lá um pénaltie, que acabava com a eliminatória. O Costinha deu 2 frangos, provando ser um guarda-redes mediano, como a sua carreira,nos clubes seguintes por onde passou o comprovou. Mas o pior disto tudo, foi o despedimento do Bobby Robson!Quando soube nem queria acreditar!Então o homem serviu de bode expiatório daquela eliminação?Quando íamos em 1ºlugar no campeonato e praticávamos o melhor futebol!?Pois o otário do Sousa Cintra quis ir buscar o seu treinador fétiche, de seu nome Carlos Queiroz e foi o que se viu...
Caro amigo Rui Nascimento. Estou plenamente de acordo consigo. Essas eliminações de que fala foram de facto bastante injustas. Nesses jogos o Sporting foi, não apenas prejudicado pela arbitragem (no jogo com a Atalanta, em Alvalade), mas também bastante azarado, faltando-lhe a tal estrelinha da sorte que protege os campeões e tantas vezes é decisiva para decidir uma passagem à eliminatória seguinte.
Um abraço e saudações leoninas! Alexandre Ribeiro.
Enviar um comentário